Maturrengo

Me chamam de maturrengo,

Eu não lhes tiro a razão,

Sempre fui um bom peão,

Desde os tempos de rapaz,

Mas nunca fui capataz,

Como queria o patrão.

 

Eu faço qualquer serviço,

Seja leve ou pesado,

Recorrer o alambrado,

Capinar a plantação

E cuidar da criação,

São coisas  do meu agrado.

 

Eu nunca fui balaqueiro,

Não gosto de me gabar,

Nem de o patrão bajular,

E nesta vida teatina,

Não caio em lábia de china,

Sou livre pra gauderiar.

 

Tenho uns trocos na guaiaca,

Mas vivo de quase nada,

Eu ponho o pé na estrada,

Vou de rincão em rincão,

Dormindo em algum galpão,

Feito uma alma penada.

 

Quando chegar o meu fim,

Darei  “ô de casa” ao léu,

Retirando o meu chapéu,

Pedirei ao  “Bom Velhinho”

Que me reserve um cantinho,

Lá na estância do céu.

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